“Acostumamos a engolir a rotina sem ao menos mastigá-la”
Quanto ao irreversível correr das horas, a competição desenfreada de fazer sempre mais em menos tempo, cabe-nos saber: até quando suportar a pressão cronometrada de acompanhar a velocidade tecnológica que nós mesmos criamos? O fato é que não conseguimos mais parar. Perdemos nosso próprio controle remoto, e a função parar manualmente não está mais disponível para download.
Mas qual o porquê de corremos tanto? Será que estamos em busca de um tempo perdido? E nessa tentativa insana, além de desperdiçar nosso precioso tempo, gastamos também nossa energia, tentando restaurar o backup de algo que está gravado na nossa memória: os momentos da nossa vida.
A verdade é que: quanto mais pressa, menos tempo; quanto menos tempo, mais pressa. E assim vivemos reféns de um ciclo vicioso que nos coloca no piloto automático , sem que possamos perceber.
À medida que preocupamos demais com a velocidade das nossas ações, quanto mais nos perdemos em horas mal vividas, mais a vida nos arrasta tempo afora, roubando de nós a sensibilidade.
Na verdade, acostumamos a engolir a rotina sem ao menos mastigá-la, sem degustar os seus sabores e dissabores. Dessa forma, acreditamos que a cura para os nossos atrasos esteja na doença da pressa.
Assim vamos vivendo, ou melhor, correndo. E na correria, miramos somente a reta final, esquecendo de observar o caminho por onde passamos todos os dias; deixamos de contemplar as belezas espalhadas, todos os sinais deixados pelo Criador para chamar nossa atenção àquilo que realmente importa, o amor.
E agora, que tal parar um pouco para refletir nisso tudo?!
Luciano Marques
Muzambinho/MG