Feliz Ano Novo! Viver a vida com os olhos da fé!

Povo de Deus, feliz Ano Novo! Seja bem-vindo ao feliz ano de 5782! Acredite, este articulista não ficou louco! Anuncio a você caro leitor o Ano Novo de nossos pais na fé, os judeus. De fato, eles celebraram recentemente Rosh Há’Shanah, conhecido na Bíblia como Dia das Trombetas. Para eles, o Ano Novo é celebrado no primeiro dia do mês de Tishrei, que em 2021, começou no pôr do Sol do dia 6 de setembro. Este é o Ano-Novo da humanidade, ou seja, o dia da criação de Adão e Eva, e na cultura judaica, o início do ano 5782 da Criação. Embora em Israel também se use o nosso calendário, o Gregoriano, para fins religiosos a contagem bíblica ainda é usada.

Embora não estejamos em Israel, nem comemoramos o ano novo no princípio desta semana, a “desculpa” vale para uma profunda reflexão: o que é “Ano-Novo”? Em suma, não é apenas mais um dia que sucede outro? Não seria mera formalidade de causalidade? Sim e não!

De fato, se a vida se tornou uma rotina inodora e insipida, o ano-novo é apenas uma fração de hora. Mas, quando se vive a vida com os olhos na fé, tudo muda! Há no arcabouço da sistemática teológica uma pasta chamada Escatologia. Esta palavra procede da palavra grega eschatón e se refere às últimas realidades. De forma comum, é usada para abordar o tema do “fim do mundo”, mas também pode ser usada se tratar de qualquer fim de um ciclo, e início de outro.

Sinceramente, só entenderemos a magnificência do Ano-Novo quando fizermos de cada, e todo dia, um novo ano.  Há uma mística escondida na possibilidade de recomeçar.

Cada recomeço pressupõem o fim de um ciclo, e cada fim de ciclo, pressupõe a análise de uma caminhada. Em meus atendimentos pastorais, muitas vezes, tenho que ajudar o povo de Deus a virar páginas, criar recomeços, contemplar novas possibilidades. Às vezes, como colecionador de cacarecos, o embornal da vida se torna pesado demais, e por isso, é necessário recomeçar, reiniciar, “reapaixonar”, reencontrar-se, consigo e com o seu Deus!

Sim, sempre é tempo de um novo ano, seja o Rosh Há’Shanah, ou o ciclo gregoriano de 365 dias, ou então, a simples capacidade de se libertar de antigos pressupostos e criar novos propósitos. A vida não é uma constante roda gigante que nos aprisiona num único e mesmo ciclo, mas uma belíssima espiral, que cada vez nos leva a reavaliarmos onde estávamos, onde estamos e para onde vamos. Nessa figura, cada volta é a possibilidade de progredir, mas, para isso, tal como numa espiral, é necessário afastar-se do centro, do egocentrismo, e partir ao encontro do outro, de novas propostas e novas possibilidades. É em momentos como estes que ouvimos a palavra de Deus com as expressões tais como: “Eis que estarei com vocês todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20)!

Enfim, como dizia meu grande professor de bioética, Dr. Virginio Cândido Tosta de Souza “vamos para a luta?” Sim, agora é o princípio de um novo ano! feliz Rosh Há’Shanah!

 

Padre Dione Piza

Pároco da Paróquia São Sebastião de Juruaia/MG