Se o preço vai subiu ou não, são de poeiras jogadas ao vento. Ao certo que todos sabemos que tem uma inflação e os insumos e maquinários estão subindo ao mesmo tempo todas commodities incluso pela cadeia que envolve e a conta irá chegar a todos na ponta.
Nunca deu tanto problemas da cadeia produtiva café quanto agora e poucos resultados efetivos gerados para que salve o parque cafeeiro, a ponta da produção e poucos conseguiram obter o tão chamado “ouro” na mão.
Muitos dizem que o café poderá a ser valorizado pelo triplo do valor, assim que essa ventania passar e a poeira baixar, mercado firmar e as garantias que o Brasil vai entregar os produtos lá na base compradora. Sim! Podemos firmar que está garantida a produção de 2021. Antes disso são narrações de clima, aumento dos insumos, fundos comprados e nas gondolas aumento de preço.
Vamos só buscar na história que achamos o cenário atual. Estamos vindo de safras anteriores com problemas climáticos desde de 2014, quando a seca afetou boa parte do parque cafeeiro no Sul de Minas. As sequências de geadas nas regiões que foram afetadas, as chuvas de granizo pelos produtores afetados, stress hídrico em todo o parque cafeeiro. E assim desencadeou uma série de efeitos problemáticos desde a ponta e a produção até no consumidor que hoje está comprando café na gôndola com preço reajustado.
Fato é que nesse meio de caminho teve problema com paralisação, logística, danos gerados com broca. Porém teve também o maior plantio já realizado em 20 anos e nesse momento que a classe produtora iria ter um fôlego e aproveitar dos preços, efeitos climáticos novamente.
Nossos estoques baixaram muito de alguns anos para cá e não zeram totalmente porque multinacionais ainda tem esse produto nas mãos, os chamados “estoques de renovação” e não vendem a preço algum em reais. Isso porque adquiriu em bases se trocas de café lá por volta dos 350,00 hoje esse produto está super valorizado.
Fato é que o efeito climático está desentortando muitos investidores e desbalanceado a cadeia produtiva.
Safras com má distribuição de chuvas vem provocando déficit hídrico em regiões produtoras de café e muitos já estão colocando no planejamento da sua lavoura se deve ou não realizar uma renovação no parque cafeeiro.
A renovação já está sendo feito, assim que teve a geada o ponto de equilíbrio entre o plantio feito e os danos causados pela geada mais cedo ou mais tarde ele irá fazer a poda, o arranquio, a renovação. Porém, fato é que o fator seca ainda é um divisor de águas. Se chover a nível de encher as bacias hidrelétricas ainda não será o bastante para recuperar as perdas que tiveram ao longo desses anos anteriores.
Para garantir as próximas safras tem que haver um clima favorável entre todos os elos da produção.
Fornecimento dos produtos, insumos no tempo recomendável para lavoura, um controle sistemático de pragas e doenças e derramar água ao bastante para vingamento das próximas floradas de outubro e novembro.
Muitos ainda não realizaram o básico que é ver como está a situação do solo e muito menos a situação da água no solo.
Análise no solo porque os danos gerados estão muito acima do que os esperados, não tem suporte o suficiente para acompanhar a produção e muito menos com essa época da pandemia mundial o distanciamento fez com que o produtor se virasse para fazer as compras, as negociações, as calagens e até a falta de produto impactou na hora de tomada de decisões e fixação no solo para colocar o produto na terra no momento correto.
O mercado já nem comentamos porque o preço do café a nível acima de 1.000,00 reais por saca de 60 kg não é novidade e sim um mercado justo.
Novidade seria se tivéssemos um preço mínimo agora a 1.000,00 e um mercado de opções com vendas garantidas nas bases de seguros agrícolas.
Novidade seria o produtor ter leilões direto com vendas garantidas pelo preço justo pré-fixado direto.
Porém, não vivemos de novidades e sim de garantias pré-fixadas nos contratos futuros e o psicológico dos produtores estão afetados por essas e outras.
Sim, as novidades que temos hoje só com as primeiras floradas nos cafés descansados que não tiveram produção nessa safra de 2020, o resto será mera especulação de mercado.
Tenham uma excelente primavera a todos que nos acompanham por esse mundo da nação do café.
Fernando Barbosa
Cafeicultor em São Pedro da União/MG
Expressiva liderança nacional da Cafeicultura.
Foto: Portal do Agronegócio