Países em desenvolvimento de olho na água do café

Quanto mais se fala em café, reuniões acontecendo rotineiramente via on-line, mais falamos sobre distanciamento dos tradicionais pedidos de café. O consumo aumentando no mundo todo em torno de 3%, nosso Brasil requer um planejamento estratégico para longos e duradouros investimentos econômicos. Porém, na origem do produto. Falo isso porque necessitamos de água para iniciar todo o processo dessa cultura que emprega e gera renda.

Quando falamos em água, não somente nas bacias hidrográficas, mas também no aquífero ou nuvens flutuantes. Para dar flor a um pé de café escutamos que tenha água no pé de café. Também na formação da semente para que na retirada do produto possa estar de forma uniforme e assim realizar o plantio e perpetuação da espécie.

Estamos vivendo e vivenciando anos difíceis, anos que afetam não somente a produção, como toda cadeia envolvida. Temos que analisar primeiro o cenário atual e depois começar a enxergar um novo rumo para transformar o parque cafeeiro.

 

No dia 20 de julho deste ano, tivemos em nossa região uma das noites mais frias do ano, o que acabou se refletindo em uma geada e afetou cerca de 18,2% de toda área plantada entre as regiões que foram afetadas. Alguns de nossos companheiros cafeicultores foram afetados. O impacto gerado pela geada não pode ser visto apenas como a perda dos cafeicultores da nossa região. Temos que ver o impacto como um todo, até chegar na parte final que são os consumidores do nosso precioso cafezinho de cada dia. 

 

Nossa visão como produtores de café é que uma cadeia produtiva, quando ocorre um problema, todos os participantes desta cadeia sofrem juntos. Somos os atores principal desta cadeia produtiva e, nesse momento, todos podem ser conhecidos pelas marcas deixadas pelo tempo. Café é uma cultura melindrosa. Além de carregar o país nas costas, vivenciamos a mudança da insegurança no campo, também observamos as mudanças climáticas e agrícolas.

 

Nossa classe deveria ser consagrada aos olhos do governo. Nossa cadeia já demostrou que se apresenta de forma organizada, mas ainda assim falta muito. Ainda falta a cadeia produtiva nesse elo de união.

 

Nós cafeicultores ainda sofremos com custo de produção elevado, com programas de financiamento que beneficiam apenas um lado. E este não somos nós os cafeicultores, além de outros personagens que aparecem nesta cadeia produtiva, apenas para espelhar e mostrar a foto e não como agentes agregadores. Precisamos de apoio dos que sustentam os cafeicultores e nesse momento exercer o espírito de cooperativismo.

 

Deveríamos ser membros dos programas governamentais. Estes são blindados por uma burocracia tamanha que quando podemos enxergar uma luz no final do túnel, fica talvez inviabilizada por tanta burocracia e taxas de juros elevadas que desistem mesmo ante do pedido.

 

Os que mais precisam destes auxílios, pela falta de conhecimento, vivem como tecla de computador. Sabe o nome, porém não sabe a função e para que serve.

 

Os impactos desta geada são significativos para a safra 2022/2023. Uma porque as travas realizadas futuramente e sem estoque nacional, vão afetar diretamente no final da fila. E ainda existem produtores que já analisam o processo de reforma de suas lavouras e não esperando os recursos ou até mesmo as orientações dos agentes orientadores. Alguns até um possível pedido de intervenção por parte dos recursos do fundo com o objetivo de mitigar essas perdas.

 

 Nossa classe posta vídeos nas redes sociais, porém o que está no momento e como as flores dos ypês, só posta quando está bem florido porque sem folhas ou flores não tem sentido nenhum da beleza. Nesse caso quase não vi postagem de geadas no pé de café de perto e sim mostrando que o fato ocorreu. Depois da colheita os pés que foram afetados ficam de dar dó e somente a tristeza do momento que faz as lágrimas do cafeicultor implorar por clemência de água no solo. Também não temos muita força nesse meio da política cafeeira. Daí só pedir a DEUS que abre as comportas de água.

 

Solidarizo com os colegas e toda nação da cadeia produtiva do café, um chamado ao nome e a história do café, não apenas de nós cafeicultores, mas de toda a cadeia produtiva do café.

Porque sem o cafeicultor, não haverá grão para ser negociado, exportado, torrado, etc… Sem o cafeicultor, não haverá cadeia produtiva do café, ou seja, os senhores também não existiram.

 

 A Fé que tenho em Deus e afirmo que nós cafeicultores podemos ser provados pelo mercado, mas a natureza, na Graça de Deus e em nossa união, nos fará vitoriosos, mais uma vez!

 

 

Fernando Barbosa

Cafeicultor em São Pedro da União/MG

Expressiva liderança nacional da cafeicultura.